terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Interesse dos brasileiros por ciência - Folha de SP



Interesse pela ciência

Se dependesse só de resultados de sondagens de opinião, Aloizio Mercadante poderia assumir o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) sem muita preocupação. A imagem do setor nunca foi tão positiva, revela pesquisa realizada pela pasta.
Nada menos que 65% dos 2.016 brasileiros entrevistados declararam interessar-se por temas de ciência e tecnologia (C&T).
Trata-se de um honroso quinto lugar, atrás só de questões ambientais (83%), medicina e saúde (81%), religião (74%) e economia (71%). Houve aumento generalizado do interesse, é verdade, com avanços em todas as categorias, mas com destaque para C&T.
Não só a pesquisa científica aparece pela primeira vez à frente dos esportes (62%) como foi o assunto que mais progrediu no interesse da população desde a última edição da sondagem, de 2006.
Além disso, reduziu-se de 33% para 26,7%, em quatro anos, a parcela dos que consideram a ciência nacional "atrasada".
Algumas estatísticas corroboram a percepção, como o crescimento do número de artigos científicos aceitos para publicação em revistas de renome internacional. A competição por tal reconhecimento é cerrada.
O Brasil passou de 0,44% do total mundial, há três décadas, para 2,7% em 2009.
Em que pesem os dados e a imagem favoráveis, o cenário de C&T no país está longe de ser róseo. Além da sempre diagnosticada incapacidade nacional de traduzir pesquisa básica em inovação, mobilizando tecnologia para turbinar a competitividade de empresas e produtos, o sistema começa a falhar já pelo alicerce, o ensino.
Apesar de ligeiras melhoras em ciências e matemática nas avaliações do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), os estudantes brasileiros ainda se classificam entre os piores do mundo. Estima-se em 100 mil o deficit de docentes de física, química, biologia e matemática para o ensino médio, nível crucial para cristalização da cultura e da mentalidade científicas.
Quanto à pesquisa do MCT, revela sobretudo que os entrevistados estão cada vez mais conscientes da relevância da ciência e da tecnologia em seu cotidiano -em conexão, pode-se imaginar, com as expectativas que essas atividades suscitam no campo da saúde e da qualidade de vida.

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