sábado, 15 de janeiro de 2011

casamento na França -Reportagem Le Monde





Os adultos de 25 a 65 anos vivem cada vez menos em casal na França

Anne Chemin

Em algumas décadas, a França mudou de modelo familiar: passou de um mundo “onde o casamento era precoce e universal para uma situação em que o casamento é mais tardio e menos frequente, e onde outras formas duradouras de vida em casal são possíveis”, destacam France Prioux, Magali Mazuy e Magali Barbieri na revista “Population” (número 3, INED, 2010). Casamento, pacto civil de solidariedade (PACS), união livre, celibato, monoparentalidade, família recomposta: a França vive hoje um momento de “multiplicidade de normas”. De 1999 a 2006, o cenário conjugal mudou profundamente: em razão das separações, os adultos com idade entre 25 e 65 anos vivem cada vez menos casal.

“Embora os segundos casamentos estejam mais frequentes, isso não basta para compensar as separações, da mesma forma que viver em casal se torna cada vez menos frequente nessa faixa etária”, constatam as três pesquisadoras do Instituto Nacional de Estudos Demográficos (INED). Portanto, ao longo do recenseamento, os adultos – homens e mulheres – que vivem sozinhos se tornaram cada vez mais numerosos.

Mas se a vida a um anda mais frequente do que há dez anos, essa regra não se dá da mesma maneira para os dois sexos: entre os homens, a formação universitária favorece a vida em casal, ao passo que, entre as mulheres, ela encoraja o celibato. Para explicar essa dissimetria, as três pesquisadoras do INED citam as análises do sociólogo François de Singly: segundo ele, o “dote escolar” teria um “efeito perverso” sobre as mulheres, ao passo que teria tendência a favorecer os homens no “mercado matrimonial”. O aumento das separações deu origem a um outro fenômeno: as famílias monoparentais, chefiadas mais frequentemente por mulheres. Nesse caso também, o diploma tem um papel essencial: antes dos 45 anos, quanto menor o nível de instrução, mais frequente é a monoparentalidade.

“Além da precocidade do cronograma familiar das mulheres com menos instrução formal, também são as separações com filho(s) que seriam mais frequentes e explicariam a grande diminuição da porcentagem de vida em casal nessa faixa etária”, ressalta o estudo.

A diversidade de modos de vida também se lê através do sucesso do PACS. Criado em 1999 em um clima de intensa polêmica, esse contrato, que Jacques Chirac considerava “inadequado à sociedade francesa”, seduziu mais de 175 mil casais em 2009, ou seja, 20% a mais que em 2008. No ano anterior, a progressão havia sido ainda mais impressionante, chegando a 43%. Destinado incialmente aos casais homossexuais, o PACS hoje serve maciçamente aos heterossexuais: em 2009, 94% dos contratos envolviam um homem e uma mulher.

Por fim, com 250 mil celebrações em 2009, o casamento continua a declinar. “O distanciamento em relação à instituição do casamento está se difundindo amplamente”, observa o estudo. O status de homem casado e, mais ainda, o de mulher casada, são nitidamente menos universais para as gerações recentes. Além disso, os casais se unem cada vez mais tarde: a idade média de casamento, que trinta anos atrás era de 25 anos para os homens e de 23 anos para as mulheres, passou para 31 anos no caso dos homens e quase 30 anos para as mulheres.

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