terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Brasil cresce menos que seus vizinhos na América Latina

AMÉRICA LATINA

Brasil crescerá menos que vizinhos do Mercosul em 2010, diz Cepal

Fábrica de carros em São Bernardo do Campo (SP)

Segundo a Cepal, economia do Brasil deve crescer 4,6% em 2011

O Brasil será o país do Mercosul que registrará menor crescimento econômico em 2010, segundo dados da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) divulgados nesta segunda-feira.

A Cepal estima que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano será de 7,7%. O crescimento será inferior ao de todos os outros membros do Mercosul - segundo o órgão, o Paraguai crescerá 9,7%, o Uruguai, 9%, e a Argentina, 8,4%.

Na América do Sul, o desempenho do Brasil também será inferior ao do Peru, cuja economia deve se expandir 8,6%.

Os países com maior retração econômica na América Latina em 2010 serão o Haiti (-7%), que se recupera de um terremoto devastador ocorrido janeiro, e a Venezuela (-1,6%).

Em 2011, Peru e Chile devem ter o maior crescimento econômico da América do Sul, com 6%.

Os dois países são os maiores exportadores de cobre do mundo e têm acordos de livre comércio com vários países, entre eles a China.

A economia brasileira deve crescer 4,6% no ano que vem, ficando atrás do Uruguai (5%) e da Argentina (4,8%).

Os dados fazem parte do Balanço preliminar das economias da América Latina e do Caribe 2010 e Perspectivas para 2011.

No documento, divulgado em Santiago nesta segunda-feira, a Cepal prevê que a economia da região em conjunto crescerá 6% neste ano e 4,2% em 2011.

Os resultados previstos para 2010 estão ligados à recuperação da maioria das economias em relação à retração conjunta de 1,9% em 2009, de acordo com o organismo internacional.

Neste ano o desemprego na região deve cair para 7,6% - em 2009, a taxa era de 8,2%.

Paraguai

Líder no crescimento econômico deste ano, o incremento do PIB do Paraguai é influenciado diretamente pelo aumento das exportações de soja e de carne – setores que contam com forte presença de produtores brasileiros que vivem no país.

O ministro paraguaio da Fazenda, Dionísio Borda, disse à BBC Brasil que o desafio é continuar implementando medidas para “distribuir melhor essa riqueza”.

A Cepal prevê, porém, que a economia paraguaia terá crescimento de 4% no ano que vem, abaixo dos 4,2% estimados para a região.

Preocupações

O principal risco para a América Latina e o Caribe, diz a Cepal, passou a ser a inflação, que subiu de 4,7% no ano passado para estimados 6,2% em 2010.

“O ritmo (inflacionário) começou a aumentar, de forma geral, nos países devido ao incremento dos preços internacionais dos alimentos (especialmente cereais, carne e açúcar) e dos combustíveis”, afirma o documento.

A Cepal ainda destaca, em seu documento anual, a preocupação com a valorização das moedas locais.

Entre todas as moedas da região, o real teve a maior valorização (13,6%) nos primeiros nove meses de 2010.

A comissão destaca que a boa saúde atual das economias da região reflete o aumento dos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) e o aumento das reservas dos bancos centrais.

As estimativas mais cautelosas para 2011, afirma a Cepal, estão ligadas “à desaceleração da economia mundial e seu impacto nos fluxos de comércio”, o que já começou a se observar no terceiro trimestre de 2010.

“Em síntese, pode-se afirmar que, do ponto de vista macroeconômico, o desafio da região será reconstruir sua capacidade de ações contracíclicas e continuar criando condições para o desenvolvimento produtivo que não seja baseado na exportação de bens básicos”, diz a comissão.

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