sábado, 15 de dezembro de 2012

O gol de Romário

CRISTIANE SEGATTO

Não foi um intelectual, um cientista, um professor, um político de carreira. Quem decidiu dar uma contribuição decisiva para a redução da burocracia que atravanca a ciência no Brasil foi um jogador de futebol – o ex-atacante e atual deputado federal Romário (PSB-RJ).

Um projeto de lei apresentado por ele prevê a simplificação do processo de importação de mercadorias destinadas à pesquisa científica e tecnológica. A maioria dos cientistas que precisam comprar materiais no Exterior e desembaraçá-los nos aeroportos enfrenta uma sucessão de entraves que desestimulam e atrasam o avanço da ciência no país.

Um levantamento realizado em 2010 com 165 cientistas de 35 instituições de 13 estados dá a dimensão do problema. Segundo o trabalho feito por Stevens Rehen e Daniel Veloso Cadilhe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 76% dos pesquisadores ouvidos já haviam perdido material de pesquisa por causa de retenção na alfândega.

O tempo de espera para a chegada de material importado é excessivamente longo. Enquanto nos Estados Unidos e em outros países, a entrega de reagentes e outros materiais leva apenas 24 horas, no Brasil a espera é muito mais longa. Costuma demorar de três a seis meses (tempo citado por 28% dos participantes do levantamento) ou de seis meses a um ano (23%).

A imensa maioria dos cientistas ouvidos já deixou de realizar alguma pesquisa por problemas de importação de materiais (custos, integridade do material etc). Segundo 48% dos participantes, esses entraves ocorrem eventualmente. Outros 42% disseram que as dificuldades são corriqueiras.

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